Lembrando-se do Criador – Uma mensagem aos jovens

Renan Almeida

Existe um livro nas Escrituras Sagradas, no qual o escritor deixa transparecer a própria frustração, mas também demonstra a maturidade ao qual chegou. Qual o nome dele? O nome do livro é Eclesiastes e o nome do escritor é Salomão. Os menos avisados (lê-se “os que não lêem a Bíblia) vêem Salomão como uma figura heróica, filho de Davi, ancestral do Messias, construtor do Templo de Jerusalém e muitos outros adjetivos de grande valor e, de fato, ele foi tudo isso. No entanto, não analisar os lados “ruins” de tal indivíduo é tentar se enganar acerca da humanidade do mesmo, tal como nós somos, ele era humano e pecador.

Quando iniciamos a leitura do livro de Eclesiastes percebemos inúmeros questionamentos acerca do prosseguimento das gerações, a validade do trabalho humano, os ciclos da natureza, enfim um relacionamento entre as repetições do passado no tempo presente. Essa é uma das melhores demonstrações da frustração. Mas por que o Pregador* usa tais termos no começo do livro? O que, nesse livro, é capaz de apontar para a frustração e maturidade do Pregador? Se prosseguirmos ao capítulo 2, veremos a desolação estampada em cada palavra. Ele afirma categoricamente que teve mulheres, obras magníficas, teve servos e servas, ovelhas e gados, teve prata e ouro, mas depois que conseguiu tudo, viu que “Tudo era vaidade e aflição de espírito” (Ec 2:11).

Salomão foi o Rei ao qual Deus dera a maior sabedoria que esse mundo já viu. Davi havia deixado recomendações para que Salomão perseverasse na Lei do Senhor, mas Salomão se esqueceu disso tudo pois ficou “cego” pelas suas muitas esposas (mulher estrangeira que na Lei de Moisés era proibido) e acabou por se curvar diante dos ídolos. Esse mesmo Salomão escreveu Cantares quando era um jovem apaixonado e galante; Esse mesmo Salomão escreveu provérbios quando ficou um pouco mais velho e começou a alcançar a maturidade e foi o mesmo Salomão quem escreveu Eclesiastes, escreveu tal livro após ver que tudo que ele havia conseguido não valera a pena.

Salomão ao escrever Eclesiastes queria deixar um legado para as próximas geração, algo para o qual as pessoas pudessem olhar e dizer “não vou fazer igual, andarei na presença do meu Criador”. Penso que quando Salomão começa a pensar no seu passado, se lembra de onde caiu... ele “caiu” na sua juventude, enquanto ainda havia toda a força e vigor do homem em si mesmo. Aquela força já não existia nele, mas os anos o levou a acumular experiência. Foi dessa experiência e boa dose de arrependimento que ele começa a redigir o capítulo 12 do mencionado livro:

“LEMBRA-TE também do teu Criador nos dias da tua mocidade; antes que cheguem os maus dias, e cheguem os anos nos quais venhas a dizer: não tenho neles contentamento” (Ec 12:1)

E é nesse ponto que iniciamos nossa análise. Por que Salomão escreveu isso? Por que um dia ele fora jovem e ele cometeu muitos erros. Alguém certa vez disse que “o inteligente aprende errando, mas o sábio aprende com o erro dos outros”. Ele (Salomão) desejou que a sua posteridade fosse sábia o suficiente para aprender por meio dos erros que ele cometeu.

O apóstolo João falando acerca dos jovens diz: “Jovens, escrevo-vos porque vencestes o maligno” (I Jo 2:13). Muitos usam esse texto como se ele fizesse referência a todos os jovens, mas não é isso que o contexto escriturístico nos mostra. Os jovens que já venceram o maligno são os verdadeiramente nascidos de novo. Eu gostaria que todos os jovens viessem a conhecer a santa religião, a saber, serem impactados pela Graça de Deus...Graça essa que se aplica ao mais miserável dos pecadores.

Ando cansado de ver jovens se arrumarem para irem para suas igrejas institucionalizadas,  mas que vão apenas porque o amigo é daquela igreja, porque o amigo se converteu, porque a namorada está ali e no final das contas a igreja se torna um amontoado de jovens sem compromisso com o Evangelho. A falta de compromisso com o Evangelho (O Evangelho é a manifestação da Graça de Deus) é um caminho curto para o  inferno.

Nenhum homem detém o conhecimento do dia da sua morte. Jovem, eu questiono: O que será de você daqui a 10 minutos? Esse é o momento de parar de viver ritualisticamente; parar de cantar para agradar a homens e atrair atenção; parar de ir à igreja para passar tempo; parar de transformar a  igreja em um clube social.. chega de falsidade, chega de hipocrisia. Existe um chamado que ressoa nos nossos ouvidos “Jovem, Lembra-te do teu criador nos dias da tua mocidade”... você não será jovem para sempre, então viva a vida da melhor forma possível e duvido que exista algo melhor do que a presença do Pai Eterno.

Soli Deo Gloria.




Artigo publicado originalmente no blog Pelas Escrituras, dia 17/11/10.

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