O Amor no Ministério Cristão


“Ama e faz o que quiseres. Se calares, calarás com amor; se gritares, gritarás com amor; se corrigires, corrigirás com amor; se perdoares, perdoarás com amor. Se tiveres o amor enraizado em ti, nenhuma coisa senão o amor serão os teus frutos” (Agostinho, Bispo de Hipona)

Qual seu objetivo? perguntar isso pode te levar a pensar e responder muitas coisas. Talvez vc tenha pensado que é ser um médico de sucesso; talvez você sonhe em ser um Advogado ou Juiz de Direito; um engenheiro e alguns outros podem ter dito que sonham com o ministério pastoral e que seu coração não queima por outra coisa senão essa e há aqueles que, de forma errônea e influenciados pelos movimentos restauracionistas neopentecostais, sentem-se “chamados” a serem apóstolos. Compreendo tudo isso e digo que todos os sonhos podem parecer muito belos, mas se eu mudar o meu questionamento, verei que o castelo é de vidro e pode ser quebrado com uma simples pedra ou que o mesmo é de areia e que o vento se encarregará de derribá-lo.
Como assim? qual o objetivo de um médico? ganhar muito dinheiro e status ou salvar e ajudar vidas? se seu objetivo for somente ganhar dinheiro, logo ele não passa de lixo; e o do advogado? ele quer ter muito dinheiro ou dar a cada um o que é de direito fazendo justiça inclusive ao orfão e necessitado? se seu objetivo é outro que não a justiça social, então temos um profissional inútil. E o pastor? o que é que lhe impulsiona? é o status? é o poder que tal título representa diante de suas “ovelhas”? ou ele ama as pessoas de tal forma que sente necessidade de ouvi-las e supri-las espiritualmente? digo com toda convicção que ao pastor não é permitido ter desejo menos nobre que o de cuidar das necessidades espirituais e “intimas” de cada “ovelha”, pois isso o rebaixaria de pastor a um mercenário da fé.
Esse texto é mais uma espécie de desabafo. Tenho sido confrontado por situações que, sinceramente, não deveriam vir até mim, ao menos não deveriam vir seguindo uma lógica humana. Todos possuem o costume dizer que o “pastor cuida de toda a situação da igreja”... bela teoria, não é? devo reconhecer que existem pastores e “pastores”, conheci alguns inclusive pelos quais tenho respeito porque que são capazes de fazer com que eu me cale e reconheça sua autoridade, sabedoria e perigrinação de fé, afinal de contas nota-se o amor, sua atitude Bíblica e a forma que preza pela Sã Doutrina.... mas também me deparei com homens que tratavam outras denominações como que sendo inimigas ou que tratavam ovelhas feridas como cães doentes que mereciam ser sacrificadas.
Quais são as situações que me vieram ao conhecimento há algum tempo atrás? um jovem com o qual já converso há algum tempo pela internet, de uma igreja pentecostal, após 1 ano conversando comigo, me disse que precisava me contar algo e quando questionei o que era, ele me disse “Eu sinto vergonha de dizer, mas eu apesar de cristão sinto desejos homossexuais. Eu sempre controlei, mas não posso negar que os sinto”. Se fiquei chocado? nao sei dizer! lembro-me apenas que por eu perceber que ele queria ajuda com aquilo, questionei: “Você já conversou isso com seu pastor? talvez ele possa te ajudar!” e esse jovem me disse “Um irmão da igreja foi posto de disciplina por fumar e o pastor contou pra igreja inteira utilizando-se de microfone, se eu falo algo, ele vai me envergonhar também”.
O que você pensa dessa história? é dificil pensar algo sobre ela. Um jovem que odeia seus impulsos, luta contra eles e não pode contar com a autoridade espiritual que deveria ajudá-lo, pois tem medo. Sim! o pastor foi incapaz de despertar o senso de confiança daquele jovem, mas como despertar confiança quando o pastor dá demonstrações de “zelo excessivo” sem que haja “piedade”? (tal como um fariseu, pronto para apedrejar e pouco disponível para tentar compreender ou perdoar). Entendam, não estou fazendo apologia ao liberalismo que odeio com todas as minhas forças e também não estou dizendo que a verdade seja inferior ao amor; creio que são complementares. Também não nego a necessidade de disciplina na igreja, mas não nos esqueçamos de que esse jovem não estava pecando, mas sim lutando contra seus impulsos, então não havia motivos para vir sofrer uma disciplina ou ser envergonhado perante a congregação. Renan, você está trabalhando com hipóteses! sim, são hipóteses, mas que se não tenho dúvidas de que seja uma hipótese certeira. Sei como funciona uma igreja pentecostal e ele seria exposto a vergonha pública. 
Há alguns dias, esse mesmo jovem me disse: “Renan, gosto de conversar com você porque posso me abrir tranquilamente”. Aquilo me levou a refletir os problemas das lideranças modernas. Essas lideranças modernas criticam o sistema Episcopal de Governo e o tosco modelo neo-apostólico, no entanto essas mesmas lideranças fazem pior ao praticarem governos absolutistas. O que é o pastor? ora, porventura não é aquele que pega uma ovelha ferida e coloca sobre seus sombros e a leva ao destino final? lembremo-nos de que tocar em animais gravemente feridos nos manchará de sangue e isso não é vergonhoso. Pastores, por favor, carregue a ovelha ferida e tenha sangue em suas mãos, tenha sangue em suas roupas e quando o Eterno Deus te perguntar de onde é aquele sangue, diga “Senhor, por tua misericórdia eu não deixei que se perdesse aqueles que o Senhor entregou aos meus cuidados. Esse é o sangue das ovelhas feridas que carreguei, pois não eram minhas, eram tuas”.
Renan, o que você quer? eu quero que as lideranças tenham um zelo com amor. Que quando eles gritarem, gritem porque amam e não por serem soberanos; que quando se calarem, que o amor flua de tal forma que o pecador se sinta constrangido por sentir o amor de Deus fluindo pela vida do líder. Eu quero ver um evangelho que é pregado até em silêncio, que é pregado por meio de atitudes. Nossas atitudes falam mais do que meras palavras.
Uma outra situação me chocou há alguns dias. Uma jovem entrou em contato comigo e disse “Renan, eu já cometi 3 abortos, estou usando drogas e ontem tive relações com 5 caras ao mesmo tempo”. Fiquei pasmado. Aquela jovem me dizia que havia cometido 3 abortos com toda naturalidade do mundo e comecei a “pressioná-la”, falei para ela toda a verdade que era necessária que ela soubesse. Ela me disse “Renan, pare. Você está me fazendo sofrer. Nunca pensei em ser mãe ou me casar ou algo do tipo, mas agora que você me repreende por causa dos abortos que cometi, começo a sonhar”. Por que menciono essa história? porque conheci essa jovem quando ainda mais nova e, pasmem, ela fora “cristã” um dia.
E por que conto essa história? conto porque vejo muitos líderes correndo atrás de “métodos radicais de evangelho” ou o chamado “evangelho relevante”. Passam a usar gírias, mudam sua maneira de vestir e pregam mensagens de auto-ajuda e esperam com isso manter os jovens nas igrejas (denominacionais). Digo “para o inferno com técnicas esdruxulas”. O Evangelho sempre foi e sempre será relevante enquanto for o puro evangelho que estiver sendo pregado. Essa história mostra que somos muito bons em assistirmos nossas reuniões eclesiásticas, métodos neopentecostais de crescimento da igreja, campanhas de prosperidade e nada sabemos sobre o “IDE”. Cristo nos ensinou a sermos “amigos dos pecadores” e travarmos uma guerra contra os fariseus e a igreja cristã se esqueceu disso, prefere ser amiga dos fariseus  e inimiga dos pecadores. 
Em muitas igrejas,  O jovem mencionado seria um “imundo” que nunca nasceu de novo ou que carrega uma maldição hereditária e a jovem seria uma rebelde sem conserto e ninguém se importaria. Qual nossa função? Parem de pensar em dinheiro, campanhas e “diarréias” teológicas. Parem de produzir crenças emergentes e “relevantes”. Quer ser relevante? anuncie as Escrituras tal como ela é e ame... Quando pregares, pregue com amor; quando repreenderes, faça com amor; quando disciplinares, faça com amor; que o amor seja  o fruto manifesto em ti. Garoto X, Garota Y, estou com vocês para o que for preciso, enquanto o Eterno Deus assim me permitir.

“É o olhar característico do amor que torna  as pessoas sensível e atenta para perceber os sinais e demonstrações de afeto, por mais pequenos que sejam ou que aparentemente assim o sejam, que fazem nascer no coração um fundamental sentido de reconhecimento em relação a vida, aos outros, a Deus” (Agostinho, Bispo de Hipona)

Renan Almeida, Evangelista pela misericórdia de Deus

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