Arcebispo de Cantuária renuncia!

Fabio Farias

Foi anunciado hoje no site oficial da Anglican Church of England e nos principais veículos da mídia britânica que a Sua Graça Rowan Willians renunciou como Arcebispo de Cantuária, abandonando a função de líder representativo da Comunhão Anglicana após 10 anos de um mandato muito questionado. Como consta no comunicado oficial, ele permanecerá como Arcebispo de Cantuária até dezembro deste ano, a fim de haver tempo hábil para eleição de um novo arcebispo. Em 2013 assumirá a direção do Magdalene College, uma das faculdades da renomada Universidade de Cambridge, já como bispo aposentado.

Arcebispo de Canterbury Rowan Williams
Sua Graça, Rowan Willians - Arcebispo de Cantuária
Para a maioria dos 80 milhôes de anglicanos, em sua maioria liderados por bispos conservadores e alinhados em maior ou menor grau com a doutrina reformada de Thomas Cranmer, a liderança de Rowan Willians certamente não deixará saudades. Seu anglo-catolicismo e liberalismo eclesiológico deterioram completamente a figura do Arcebispo de Cantuária como representante mundial da Comunhão Anglicana, lançando nos últimos anos vários movimentos e manifestações a favor de um rompimento da Comunhão ou a reformulação da mesma. 

Como presbiteriano, que acompanha com respeito e curiosidade a cultura e as doutrinas anglicanas, também faço coro com aqueles que acreditam que Rowan Willians "já vai tarde". Elogios são dados a ele, tanto do lado dos conservadores quanto dos liberais, pelo fato de ser um homem cordial e extremamente preocupado com a unidade da Igreja. Isso é louvável. Entretanto o preço que ele pagou pela suposta unidade é inegociável: a doutrina da fé. Tentando agradar ao governo e as lideranças mais importantes da Igreja da Inglaterra, Rowan Willians defendeu em seu mandato um anglicanismo confuso, indefinível, inclusivo, que aceita todo tipo de visões e só tem em comum uma liturgia esteticamente bela e dois documentos confessionais (39 Artigos e LOC 1662) que são tidos apenas como "patrimônio histórico". Dentre seus muitos "feitos", inclui-se a ordenação de mulheres e homossexuais ao episcopado e privilégios a ala anglo-católica da igreja, em detrimento da maioria evangélica e ortodoxa. O anglicanismo que Rowan Willians pintou para o mundo é a de uma igreja que se rende aos poderes desse mundo. Aliás, não a de uma igreja, e sim a de um museu.

Graças a Deus, "seu anglicanismo" não é a realidade do anglicanismo mundial. Na África a Igreja Anglicana é responsável pela evangelização e o discipulado de milhões de filhos de Deus, tendo em seus púlpitos uma pregação ortodoxa e fiel. Também temos boas notícias de igrejas anglicanas de fé evangélica e até mesmo reformada surgindo no Cone Sul e na América do Norte (essa última, sofreu uma cisão que mostrou o poder da ortodoxia dentro do anglicanismo liberal que havia nos Estados Unidos), onde tem surgido várias novas paróquias a cada ano. São anglicanos que seguem o modelo do anglicanismo original, fundado por Thomas Cranmer: uma igreja evangélica, reformada, equilibrada, preocupada com a adoração e conhecimento das Escrituras por parte do povo, e que preserva as tradições e costumes dos cristãos de todos os séculos. 

Não sou anglicano, tenho minhas divergências. Mas aprendi muito com o anglicanismo sobre muitas questões da fé cristã que não são muito debatidas, como, por exemplo, a liturgia e o papel da tradição. Aprendi a reconhecer o anglicanismo como parte da "Igreja Una, Santa, Católica, e Apostólica". Portanto, desejo que o próximo Arcebispo de Cantuária esteja à altura do legado de homens como Thomas Cranmer, J.C. Ryle, Jonh Stott e J.I. Parcker, e possa representar a maioria evangélica e reformada do movimento anglicano.

Fonte: BBC News

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